O pensamento crítico é o pensamento reflexivo que garante a autonomia do ser. A capacidade de pensar críticamente implica identificar e aplicar analogías. É um processo cognitivo de inferência, que passa de um objeto particular para outro objeto particular, valorizando os elementos comuns. É usado como técnica de resolução de problemas.
Fases do Pensamento Crítico
O processo de produção dum pensamento crítico inicia-se com a identificação do que se sabe e o que falta saber. Esta primeira fase implica recolher informação relevante sobre o que já sabemos, como sabemos e identificar o que é necessários saber. Fase do diagnóstico
Organizar ideias e criar lógicas. É necessário entender o que é necessário entender, porque é necessário e para que é necessário. É um momento em que é necessário olhar paras as questões de diferentes perspetivas, entender os diferentes sentidos. Fase do questionamento
Identificar as falhas e as ausências. Ao olhar para o que falta saber e par o que se sabe de diferentes formas, torna-se ais fácil entender o que falta e o que falha no pensamento sobre esse objeto. Fase da revelação ou insight
O momento em que tendo-se apropriado do que existe e do que falta, implica fazer uma nova síntese. Rever o que foi feito e Integrar o novo, Simplificar através de analogia pode ser um exercício que favorece a descoberta. Fase da Síntese
Atingimos fase poética, onde através da analogia se procura formas puras, simples e esclarecedoras que dão estabilidade o problema (resolução). Fase da Poética.
O pensamento crítico é a base da pedagogia para a autonomia. Está no centro da atividade educativa libertadora e é o objeto da atividade educativa.
Pensar com autonomia é saber avaliar as ideias e os argumentos de acordo com as razões e evidências apresentadas, com suporte nos sistemas de valores. Está longe de ser um exercício inato ao processo cognitivo, necessita de ser treinado e aplicado de forma constante. Constitui a base da vivência em sociedade.
Uma sociedade que pratica o espírito crítico, no seu limite, não necessitaria de instituições reguladoras da ação social. As diferentes instituições do Estado confrontam se contudo com a necessidade de colocar limites à ação do pensamento crítico, com base numa definição do bem-comum, esquecendo-se que esse bem comum é fluido e instável.
Este é um dos paradoxos da escola. Ao mesmo tempo que deve praticar o exercício do pensamento crítico com uma das suas finalidades, enquanto agente da ação do estado, atua limitando o exercício desse pensamento crítico. Aplica a disciplina e o autoritarismo como modelo de regulação.
Um segundo paradoxo, contudo, coloca-se hoje às escolas. Numa era de transição societal, onde o fluxo de informação flui por diferentes canais, a escola deixou de ser a única instância de legitimação do saber. O pensamento crítico é um instrumento educativo que está disponível para encontrar um rumo nos fluxos de informação. No entanto, ele não é passível de apropriação pelas escolas pois inverte os princípios de autoridade onde está fundada e onde assente a legitimidade que lhe dá estabilidade.
No dia 19 de março, terça-feira, 18h30, no Museu da República/RJ, a 57ª Jornada Republicana abordará a realidade de mulheres que dão a luz dentro de prisões brasileiras e as relações entre mães detentas e seus filhos e filhas fora da prisão.
Na mesa, estarão a médica Maria do Carmo Leal, que é doutora em Saúde Pública e, entre outros trabalhos, coordenou o estudo “Nascer nas Prisões”, que expõe o panorama da gestação e do nascimento nos cárceres brasileiros, e Nana Moraes, fotógrafa, com um trabalho tocante sobre as relações de mulheres presas com seus filhos e filhas não encarcerados.
OLHARES FEMININOS NO CÁRCERE
Com ciência e arte, a 57ª Jornada Republicana do Museu da República abordará a realidade de mulheres que dão a luz dentro de prisões brasileiras e as relações entre mães detentas e seus filhos e filhas fora da prisão.
DEBATEDORAS
Maria do Carmo Leal é médica, doutora em Saúde Pública, pesquisadora titular na Fiocruz e professora de pós-graduação em Epidemiologia e Saúde Pública. Coordenou número expressivo de pesquisas com ênfase na saúde da mulher e da criança e na avaliação de serviços de saúde. Em 2011, liderou o primeiro estudo nacional sobre parto e nascimento, intitulado “Nascer no Brasil”. No estudo “Nascer nas Prisões”, expõe o panorama da gestação e do nascimento nos cárceres brasileiros.
Nana Moraes é fotografa, com trabalhos nas áreas editorial, cultural e publicitária. Coordena o Retrato Espaço Cultural. Produziu e participou de várias exposições, no Brasil e no exterior. Em 2007, iniciou a trilogia de livros “Des Amadas”, abordando a realidade de mulheres marginalizadas eestigmatizadas. Publicou “Andorinhas”, em que retrata a vida de prostitutas de estrada. No trabalho “Ausência”, trata das relações de mulheres presas com seus filhos e filhas não encarcerados.
Dia 19 de março de 2019 (terça-feira). 18h30 a 20h30.
Os pontos abaixo escritos constituem um contributo para a discussão em curso no ICOM Portugal sobre a política museológica em Portugal.
1-Que museus para Portugal?
1.1-Que novos
paradigmas e modelos para os museus portugueses do século XXI?
A ideia de museu e a sua definição está atualmente em
discussão no ICOM. Em 2016 o ICOFOM foi mandatado para proposta uma nova
definição que será discutida este ano em Quioto. Ao longo destes três anos foram
promovidas várias discussões. Destas discussões pode concluir-se que será muito
difícil ter uma definição que consiga conter a diversidade de experiencias
museais que acontecem hoje no mundo. A América do Sul e Central tem inspirado
muitos processo ligados às comunidades e às suas funções sociais. Na Europa do
Sul tem emergindo muitas experiencia ligadas às questões ambientais e do
território; na Europa do norte experiencia em espaços urbanos com integração de
memórias contestadas e das comunidades migrantes. Na Ásia à sinais de que os
processos museológicos estão a ganhar dimensão ao passo que em África a
museologia tem tido avanços mais lentos mas em sabido incorporar a diversidade
cultural das culturas locais. Portugal é uma referência importante na
museologia internacional, mais pela ação dos seus museólogos do que por ação
dos museus.
Provavelmente será difícil ter um modelo único para os
museus nacionais. Será porventura necessária uma nova política museológica,
voltada para a diversidade, que ao mesmo tempo que garante a segurança e
salvaguarda das coleções, permita uma maior ligação dos museus às comunidades
locais. Os novos modelos de museus serão provavelmente instituições abertas à
sociedade, com múltiplas funções e serviços na comunidade.
1.2-Que visão e
missão devem os museus assumir em Portugal?
Os museus não podem deixar de salvaguardar o património que detém
(coleções), mas devem também entender que o museu é uma instituição dinâmica,
que deve acolher novas iniciativas de
carater temporário, sejam elas exposições, sejam iniciativas criadas com as
comunidade onde se inserem, assumindo o desafio de serem instituições de
encontro e criação de aprendizagem
1.3-Qual deve ser o
papel do Estado, dos vários actores, poderes nacionais regionais e locais?
O Estado deverá ter um papel regulador da atividade dos
museus património. Deverá ter políticas ativas para os museus locais e
autárquicos, por via a de programas de financiamento a projeto de museus e de
associações de defesa do património.
É necessário que o Estado Central tenha em linha de conta
que o que é regulado para os Museus Nacionais e demais património, influencia o
que se passa nos museus locais. Em Portugal não há museus regionais (no sentido
de que são narradores de identidades regionais).
O Estado tem também um papel regulador na creditação da
formação de profissionais. Deverá ter processos de participação da academia na
credenciação profissionaos dos profissionais de museus.
1.4-Como conciliar
uma mercantilização crescente, com o reforço do papel social numa sociedade em
mutação tecnológica e cultural acelerada?
Deverá ser garantida a transparência dos atos administrativos,
devem ser criados organismos de decisão co-participada com a sociedade civil, seja
por via das associações de defesa do património, seja das empresas, seja ainda
das universidades. A secção de museus do CNC podrá ser um espaço de
participação e co decisão
1.5-Recentes debates
chamaram a atenção para a apetência por museus que contribuam para pensar o
Homem e a Sociedade portuguesa; a oferta actual pode/consegue responder a esta
necessidade?
Não responde, nem provavelmente responderá no futuro. Não há
em Portugal um Museu Nacional (no sentido dos museus de nacionalidade). Houve
essa tentativa com o Museu de Arqueologia Leite de Vasconcelos e com o Museu de
Arte Antiga, no século XIX. No século XX o Estado Noivo criou uma narrativa museológica
sobre o espaço e o tempo (que o museu de arte popular e a exposição dos
centenários corporizou),e que tentou completar com o museu colonial (que acabou
por se tornar no museu Etnológico). O Regime democrático criou o CCB, sem que
se possa chamar “museu”. Nenhum transporta a ideia de Nação.
No entanto, os museus devem refletir sobre a sociedade
portuguesa, as suas dinâmicas. Isso será hoje feito através de exposições, (que
o estado pode facilitar).
Uma outra questão que deverá ser pensada é a necessidade de
Ter uma Estratégia nacional de Educação Patrimonial. Esta estratégia poderá ser
uma missão da Rede de Museus
1.6-Reformular ou
aplicar a Lei Quadro de Museus ?
Já tivemos esse debate no ICOM. Esta lei não se ajusta às necessidade
dos museus portugueses, porque é uma lei que é pensada para os museus
nacionais, não contemplando a diversidade de processos museológicos locais. É
aliás responsável por que muitas experiencias locais ao não terem sido levadas
em conta tenham perdido protagonismo social. É necessária uma lei que dinamize
os museus como instituições socias produtoras de cultura.
Um caso que costumo citar: As cidades, e sobretudo os bairros
periféricos, são hoje palco da narração de uma vigorosa arte pública. Nenhum destes
espaços (que eu conheça) é hoje considerado como espaço museu, ainda que os
museus modernos tendam a ocupar as cidades com as suas obras de arte (como
aconteceu nas janelas verdes). Os museus da Europa ocupam o espaço público. A
nossa lei continua a encerrar-se no velho edifício do céculo XIX.
2-Museu Nacionais
2.1-O que é um museu
nacional, o que os caracteriza singulariza e quais os seus objectivos e
obrigações?
Um museu que tenha uma colação singular que tenha uma
vocação universal.
2.2- Que modelo de
organização propõe para um sucessor da DGPC? EPE? Fundação? Com que argumentos
Deverá ser uma Direção Geral, que assegura a participação da
comunidade cultural, que promova a regulação e a fiscalização dos equipamentos
sob sua tutela. Deverá ter um conselho estratégico consultivo que analise numa
base regular a evolução das questões dos museus e património (observação e diagnóstico)
e defina prioridades para ação, que se traduzam em programas de medidas a
concretizar.
2.3-Como manter e
aplicar o princípio da solidariedade entre estruturas economicamente
sustentáveis e outras mais deficitárias
A questão dependerá do modelo de gestão dos museus e
equipamentos. Parece-me que o princípio da solidariedade necessita de ser
equilibrado com o princípio da equidade e da igualdade. Poderia ser criado um
fundo de Fomento para museus que poderá servir para equilibrar essa balança,
com os equipamentos que tenham uma performance financeira dinâmica a contribuíram
com uma percentagem que possa ser usada a título de empréstimo por equipamentos
sem potencial de dinamismo. Essa função teria que ser gerida centralmente. Contudo
haverá sempre equipamentos deficitários, que necessitam de verbas que tem que
ser atribuídas,por via do orçamento de Estado no cumprimento das suas obrigações
com o aceso à cultura, por via do mecenato (que poderá ser contratualizado).
3-Rede Portuguesa de Museus
3.1- Como motivar uma
nova dinâmica de trabalho em rede?
A Rede é uma pirâmide e é burocrática.
A colaboração acontece quando há vantagens mútuas. Para que
isso suceda é necessário partilhar forças. Há alguns casos em Portugal que
podem servir como bons exemplos. A Rede de Museus do Algarve e a Rede Transfronteiriça
de Museus. Quais são os princípios. Horizontalidade e Solidariedade. Cada
membro da rede responsabiliza-se por uma tarefa que é um contributo para todos.
3.2- Como dar
sentido, aplicar e desenvolver o espirito da sua criação?
O problema parece estar em se ter criado duas estruturas
para a mesma coisa. A DGPC e a Rede. Com as competências se sobrepõem a rede
não funciona.
O melhor que há a fazer é dar apoio às organizações de
profissionais de museus para que juntamente com as universidades e as
associações organizem todos os anos ou mias encontros de museus para troca de
experiencias, com laboratórios de formação (Há por exemplo vários encontros
deste tipo como a Rede das Cidades Educadoras, a Rede das Cidades Criativas a
Rede de Escolas da UNESCO, a Rede Cidades Mundo na Lusofonia). Uma nova missão
da Rede poderá por exemplo ser implementar uma política nacional de educação
patrimonial.
A Rede, por seu lado deveria atuar no âmbito da cooperação portuguesa
através do Camões que tem fundos para a ação cultural no exterior. Portugal tem
uma vasta comunidade espalhada pelo mundo que tem estado ausente dos museus
portugueses.
Contribuição para o Debate proposto pelo ICOM Portugal em fevereiro de 2019 a propósito da autonomia de museus
1-Museus para Portugal
1.1-Que novos
paradigmas e modelos para os museus portugueses do século XXI?
A ideia de museu e a sua definição está atualmente em
discussão no ICOM. Em 2016 o ICOFOM foi mandatado para proposta uma nova
definição que será discutida este ano em Quioto. Ao longo destes três anos foram
promovidas várias discussões. Destas discussões pode concluir-se que será muito
difícil ter uma definição que consiga conter a diversidade de experiencias
museais que acontecem hoje no mundo. A América do Sul e Central tem inspirado
muitos processo ligados às comunidades e às suas funções sociais. Na Europa do
Sul tem emergindo muitas experiencia ligadas às questões ambientais e do
território; na Europa do norte experiencia em espaços urbanos com integração de
memórias contestadas e das comunidades migrantes. Na Ásia à sinais de que os
processos museológicos estão a ganhar dimensão ao passo que em África a
museologia tem tido avanços mais lentos mas em sabido incorporar a diversidade
cultural das culturas locais. Portugal é uma referência importante na
museologia internacional, mais pela ação dos seus museólogos do que por ação
dos museus.
Provavelmente será difícil ter um modelo único para os
museus nacionais. Será porventura necessária uma nova política museológica,
voltada para a diversidade, que ao mesmo tempo que garante a segurança e
salvaguarda das coleções, permita uma maior ligação dos museus às comunidades
locais. Os novos modelos de museus serão provavelmente instituições abertas à
sociedade, com múltiplas funções e serviços na comunidade.
1.2-Que visão e
missão devem os museus assumir em Portugal?
Os museus não podem deixar de salvaguardar o património que detém
(coleções), mas devem também entender que o museu é uma instituição dinâmica,
que deve acolher novas iniciativas de
carater temporário, sejam elas exposições, sejam iniciativas criadas com as
comunidade onde se inserem, assumindo o desafio de serem instituições de
encontro e criação de aprendizagem
1.3-Qual deve ser o
papel do Estado, dos vários actores, poderes nacionais regionais e locais?
O Estado deverá ter um papel regulador da atividade dos
museus património. Deverá ter políticas ativas para os museus locais e
autárquicos, por via a de programas de financiamento a projeto de museus e de
associações de defesa do património.
É necessário que o Estado Central tenha em linha de conta
que o que é regulado para os Museus Nacionais e demais património, influencia o
que se passa nos museus locais. Em Portugal não há museus regionais (no sentido
de que são narradores de identidades regionais).
O Estado tem também um papel regulador na creditação da
formação de profissionais. Deverá ter processos de participação da academia na
credenciação profissionaos dos profissionais de museus.
1.4-Como conciliar
uma mercantilização crescente, com o reforço do papel social numa sociedade em
mutação tecnológica e cultural acelerada?
Deverá ser garantida a transparência dos atos administrativos,
devem ser criados organismos de decisão co-participada com a sociedade civil, seja
por via das associações de defesa do património, seja das empresas, seja ainda
das universidades. A secção de museus do CNC podrá ser um espaço de
participação e co decisão
1.5-Recentes debates
chamaram a atenção para a apetência por museus que contribuam para pensar o
Homem e a Sociedade portuguesa; a oferta actual pode/consegue responder a esta
necessidade?
Não responde, nem provavelmente responderá no futuro. Não há
em Portugal um Museu Nacional (no sentido dos museus de nacionalidade). Houve
essa tentativa com o Museu de Arqueologia Leite de Vasconcelos e com o Museu de
Arte Antiga, no século XIX. No século XX o Estado Noivo criou uma narrativa museológica
sobre o espaço e o tempo (que o museu de arte popular e a exposição dos
centenários corporizou),e que tentou completar com o museu colonial (que acabou
por se tornar no museu Etnológico). O Regime democrático criou o CCB, sem que
se possa chamar “museu”. Nenhum transporta a ideia de Nação.
No entanto, os museus devem refletir sobre a sociedade
portuguesa, as suas dinâmicas. Isso será hoje feito através de exposições, (que
o estado pode facilitar).
Uma outra questão que deverá ser pensada é a necessidade de
Ter uma Estratégia nacional de Educação Patrimonial. Esta estratégia poderá ser
uma missão da Rede de Museus
1.6-Reformular ou
aplicar a Lei Quadro de Museus ?
Já tivemos esse debate no ICOM. Esta lei não se ajusta às necessidade
dos museus portugueses, porque é uma lei que é pensada para os museus
nacionais, não contemplando a diversidade de processos museológicos locais. É
aliás responsável por que muitas experiencias locais ao não terem sido levadas
em conta tenham perdido protagonismo social. É necessária uma lei que dinamize
os museus como instituições socias produtoras de cultura.
Um caso que costumo citar: As cidades, e sobretudo os bairros
periféricos, são hoje palco da narração de uma vigorosa arte pública. Nenhum destes
espaços (que eu conheça) é hoje considerado como espaço museu, ainda que os
museus modernos tendam a ocupar as cidades com as suas obras de arte (como
aconteceu nas janelas verdes). Os museus da Europa ocupam o espaço público. A
nossa lei continua a encerrar-se no velho edifício do céculo XIX.
2-Museu Nacionais
2.1-O que é um museu
nacional, o que os caracteriza singulariza e quais os seus objectivos e
obrigações?
Um museu que tenha uma colação singular que tenha uma
vocação universal.
2.2- Que modelo de
organização propõe para um sucessor da DGPC? EPE? Fundação? Com que argumentos
Deverá ser uma Direção Geral, que assegura a participação da
comunidade cultural, que promova a regulação e a fiscalização dos equipamentos
sob sua tutela. Deverá ter um conselho estratégico consultivo que analise numa
base regular a evolução das questões dos museus e património (observação e diagnóstico)
e defina prioridades para ação, que se traduzam em programas de medidas a
concretizar.
2.3-Como manter e
aplicar o princípio da solidariedade entre estruturas economicamente
sustentáveis e outras mais deficitárias
A questão dependerá do modelo de gestão dos museus e
equipamentos. Parece-me que o princípio da solidariedade necessita de ser
equilibrado com o princípio da equidade e da igualdade. Poderia ser criado um
fundo de Fomento para museus que poderá servir para equilibrar essa balança,
com os equipamentos que tenham uma performance financeira dinâmica a contribuíram
com uma percentagem que possa ser usada a título de empréstimo por equipamentos
sem potencial de dinamismo. Essa função teria que ser gerida centralmente. Contudo
haverá sempre equipamentos deficitários, que necessitam de verbas que tem que
ser atribuídas,por via do orçamento de Estado no cumprimento das suas obrigações
com o aceso à cultura, por via do mecenato (que poderá ser contratualizado).
3-Rede Portuguesa de Museus
3.1- Como motivar uma
nova dinâmica de trabalho em rede?
A Rede é uma pirâmide e é burocrática.
A colaboração acontece quando há vantagens mútuas. Para que
isso suceda é necessário partilhar forças. Há alguns casos em Portugal que
podem servir como bons exemplos. A Rede de Museus do Algarve e a Rede Transfronteiriça
de Museus. Quais são os princípios. Horizontalidade e Solidariedade. Cada
membro da rede responsabiliza-se por uma tarefa que é um contributo para todos.
3.2- Como dar
sentido, aplicar e desenvolver o espirito da sua criação?
O problema parece estar em se ter criado duas estruturas
para a mesma coisa. A DGPC e a Rede. Com as competências se sobrepõem a rede
não funciona.
O melhor que há a fazer é dar apoio às organizações de
profissionais de museus para que juntamente com as universidades e as
associações organizem todos os anos ou mias encontros de museus para troca de
experiencias, com laboratórios de formação (Há por exemplo vários encontros
deste tipo como a Rede das Cidades Educadoras, a Rede das Cidades Criativas a
Rede de Escolas da UNESCO, a Rede Cidades Mundo na Lusofonia). Uma nova missão
da Rede poderá por exemplo ser implementar uma política nacional de educação
patrimonial.
A Rede, por seu lado deveria atuar no âmbito da cooperação portuguesa
através do Camões que tem fundos para a ação cultural no exterior. Portugal tem
uma vasta comunidade espalhada pelo mundo que tem estado ausente dos museus
portugueses.
No passado dia 20 de outubro foi aprovada na cidade do México a Decalração Cultura e Paz da iniciativa das Organizações Cultura 21 e CGLU, que de seguida transcrevemos
Cultura y Paz Declaración de la Ciudad de México porCultura 21 e CGLU
Quienes firmamos esta declaración lo hacemos desde
el convencimiento de que la cultura es la gran fuente con que cuenta la humanidad para reencauzar su camino hacia la
conformación de sociedades en las que reinen el diálogo y la convivencia, donde
nuestras diversidades no sólo no nos separen sino que sean el fundamento de
nuestra riqueza, en las que la inclusión y el reconocimiento sean tareas de
todas y todos, y donde la igualdad que nos une como seres humanos, con los
mismos derechos, nos conduzca a la concordia y a la paz;
Hemos constatando que no es suficiente, aunque es
imprescindible, mejorar las condiciones sociales, procurar el desarrollo
económico, impulsar un reparto igualitario de la riqueza, y garantizar la
sostenibilidad ambiental, para ofrecer y construir un proyecto viable a una
humanidad que vive inmersa en un acelerado proceso de corrupción y desigualdad,
de descomposición social, de migraciones forzadas y exilios, de realidades
violentas en los ámbitos de la economía y la política, de desencuentro entre
las identidades, de menosprecio por los derechos de las mujeres, las
juventudes, los pueblos originarios y las comunidades que por sus identidades
sexuales o por sus caracteres raciales y sociales sufren discriminación o son
criminalizados y perseguidos;
En consideración a que la Agenda 21 de la Cultura,
promovida por la organización mundial de Ciudades y Gobiernos Locales Unidos –
CGLU, ha sido aprobada y está siendo aplicada por centenares de ciudades y
gobiernos locales de todo el mundo comprometidos con los derechos humanos, la
diversidad cultural, la sostenibilidad, la democracia participativa, la
igualdad de género y la generación de condiciones para la paz;
Conscientes de que un amplio conjunto de actores
políticos y sociales han reconocido la importancia, mediante la Declaración de
Friburgo y otros instrumentos locales, regionales e internacionales, de los
Derechos Culturales como esenciales para la dignidad humana, ya que forman
parte de los derechos humanos y deben interpretarse según los principios de
universalidad, indivisibilidad e interdependencia;
Sabedores de que es difícil, pero esencial, hablar
de la realización de los derechos culturales en situación de pobreza extrema, y
que éstos no pueden ser ejercidos en escenarios de guerra y violencia endémica,
de dicriminación, de exclusión, de desigualdad y de opresión;
Con la seguridad de que es en las ciudades y los
pueblos, en las calles, las plazas y en los entornos de proximidad, donde las
personas pueden hacer efectivos sus Derechos Culturales con mayor facilidad, y
de que ello requiere un especial papel de los gobiernos locales en el
desarrollo de políticas que faciliten la participación activa en la vida cultural,
aborden los obstáculos existentes para esta y exploren las interrelaciones con
otros ámbitos del desarrollo sostenible y la construcción de la paz;
Y convencidos de que no se trata de elegir entre una
cultura hegemónica, global y mercantilizada, o un relativismo que en nombre de
la particularidad cultural viola los derechos humanos fundamentales, impone la
intolerancia, el pensamiento único, el totalitarismo político o religioso, y de
que la cultura no debe servir de instrumento de adoctrinamiento ideológico o
control político sino que debe erigirse en el espacio por excelencia de la
libertad, del pensamiento crítico e incluso del disenso;
Presentamos esta declaración desde la certeza de que
muchos de los enormes retos que enfrenta el mundo en nuestro tiempo tienen una
clara dimensión cultural, y que inequívocamente la cultura hoy forma parte de
las soluciones a los grandes desafíos de la humanidad.
Por todo ello, quienes firmamos esta Declaración:
Hacemos
un enérgico llamado a los organismos internacionales, a los gobiernos
nacionales y locales, a las organizaciones de la sociedad civil y a la
ciudadanía en su conjunto, a privilegiar el objetivo primordial de una paz con
justicia que tenga entre sus fundamentos el ejercicio pleno de los Derechos
Culturales, de manera individual o colectiva, y afirmamos que sólo poniendo a
la cultura en el centro de las políticas públicas, respetando tanto las
libertades de la ciudadanía y las comunidades, como su participación
democrática, será posible lograr esta meta.
Llamamos
a promover y garantizar los Derechos Culturales y a contemplar al desarrollo de
las culturas y sus diversas manifestaciones como una prioridad política, para
que de ese modo podamos contribuir efectivamente a la erradicación de la
pobreza extrema, la guerra, la violencia, la desigualdad, la opresión, la
discriminación, el odio racial y la exclusión.
Declaramos
la urgencia de hacer posible sociedades incluyentes y sostenibles, en las que
las diferencias sean reconocidas, respetadas y valoradas y todos tengamos los
mismos derechos, donde disentir no sea un crimen y donde manifestar y
desarrollar en plenitud las identidades propias inviduales y colectivas tenga
como respuesta inequívoca de los otros el respeto, la aceptación, la tolerancia
y el diálogo.
Afirmamos
que la construcción conjunta de sociedades incluyentes y sostenibles pasa
indiscutiblemente por el desarrollo de políticas públicas en materia de
Derechos Culturales, construidas de forma colegiada y transversal, en las que
participen todas las y los actores de la diversidad cultural que constituyen
las sociedades contemporáneas.
Invitamos
a escuchar la voz de las diversas comunidades que exigenexpresarse en libertad,
que demandan ejercer sin cortapisas sus identidades, sus derechos a la memoria
histórica y al patrimonio, a la lengua y a la autodeterminación, al acceso a
los bienes y servicios culturales, a la educación y a la información, a las
mejores condiciones para el desarrollo de su creatividad y a su participación
en la toma de decisiones, a partir de la igualdad de género.
Convocamos
a los organismos internacionales, a los gobiernos nacionales y locales, a las
instituciones públicas, privadas y de la sociedad civil, a poner en el centro
de sus agendas el desarrollo cultural de las comunidades y de los individuos,
entendido como el pleno ejercicio de los Derechos Culturales, y a asumir que la
cultura es un eje transversal que cruza el conjunto de las manifestaciones
sociales y por ende debe ocupar un lugar central en las políticas públicas y en
las acciones de transformación social.
Estamos
convencidos de que la consecución de la Agenda 2030 de Naciones Unidas, con los
Objetivos de Desarrollo Sostenible y la Nueva Agenda Urbana reposa en hacer
explícita y operativa la dimensión cultural del desarrollo.
Por
último, hacemos hincapié en la defensa de los derechos de las comunidades más
agraviadas: las mujeres en primer lugar, los pueblos originarios, los niños y
los jóvenes, los adultos mayores, los desplazados, migrantes y exiliados, las
comunidades de la diversidad sexual, las víctimas de la violencia y los
conflictos bélicos, las personas con algún tipo de discapacidad, y aquellas que
viven en la pobreza y la exclusión en los territorios urbanos y rurales.
Mahatma Gandhi nos dijo: “No hay caminos para la
paz, la paz es el camino”. Por eso suscribimos la presente declaratoria, porque
estamos convencidos de que el desarrollo cultural y el pleno ejercicio de los
Derechos Culturales de los pueblos, las comunidades y los individuos, son actos
profundos de paz y quizá es la forma más delicada, más sutil pero también más
cierta, de emprender ese camino.
Declaración aprobada en el marco del Seminario
Internacional
“Los Derechos Culturales y la Paz en la Ciudad”, coorganizado en la Ciudad de México en Octubre de 2018 por: Cultura 21 e CGLU
No final da visita a um museu temos de ter consciência do que nos sucedeu. Temos de incorporar o processo de mudança que deverá ocorrer pela observação e vivência dos elementos patrimoniais. Há portanto um movimento de reconhecimento dos objetos do mundo e um reconhecimento de si. Será aquilo a que podermos definir como a relação museológica. Um movimento de encontro com o mundo (representado) e com o si mesmo (como experiencia). Essa relação é simultaneamente objetiva (o encontro com um objeto) e subjetiva (um encontro com a subjetividade do sujeito) gerando-se uma relação intersubjetiva (um movimento de reconfiguração dos objetos do mundo e do sujeito.
Os museus clássicos tem sobretudo privilegiado a relação entre os visitantes e os objetos. A construção da narrativa dos objetos acontece fora da participação dos sujeitos visitantes. A narrativa é construída por mediadores (curadores) que transportam um conhecimento universal e válido. Uma verdade que se destina a ser transmitida nessa precisa forma.
No caso dos museus inovadores procura-se que a construção da narrativa, não só possa se feita pelos sujeitos de forma participativa, como sobretudo procura criar um momento de encontro com o próprio sujeito. A relação intersubjetiva é uma relação que procura criar uma autonomia critica do sujeito.
Nesse sentido um museu serve como laboratório social para facilitar o modo como olhamos para o mundo, para criar experiencias de encontro com os outros e connosco.
O sentido que emerge dos museus críticos e inovadores, não é apenas o de suscitar a participação dos sujeitos na construção das narrativas. É o também de propiciar uma emergência consciência sobre o mundo e sobre nós mesmos, usando os objetos patrimoniais em contexto. É também o de sobretudo a permitir criar coisas novas, fazendo emergir a criatividade a autonomia.
Nesse sentido o valor dos objetos dos museus, do património e das memórias sociais não é o que se tem mas o que se pode fazer com ele. Serve para podermos viver melhor e mais felizes.
Os museus, objetos e espaços patrimoniais, memórias e heranças coletiva deverão ser espaços vivos e de inovação que permitam encontros e experiencias. São laboratórios onde podemos experimentar combinação de ideias. É através do encontro que se produz transformação.
A questão do passado e das suas representações foi, durante todo o século XIX e XX, como um importante instrumento modelador da sociedade. Sabemos que a modernidade, no sentido da rutura com o passado influenciou bastante a vida nas cidades e a economia. A modernidade, no sentido da industrialização, primeiro e depois os serviços, valoriza a inovação, o diferente. Havia mesmo que que defendesse que o passado já não importava, que não servia para nada. Contra estes, levantavam-se os tradicionalistas, os defensores da conservação dos costumes e dos objetos. E já que não se podia conservar tudo, conservava-se, pelo menos o essencial.
Há inúmeros exemplos nas várias discussões disciplinares entre tradição e modernidade. Talvez essa discussão tenha sido um fator de equilíbrio entre os elementos de mudança e transformação sobre as estruturas pré-existentes. Um facilitador da acomodação.
Mas neste nosso caso, o que nos interessa interrogar é o que acontece no museu. Isto é se deve ser um templo do passado ou um laboratório do futuro. Onde se situa a função do museu nessa discussão entre a tradição e a modernidade.
Olhemos para o museu. Um museu apresenta uma narrativa sobre um assunto. Uma história contada pelos objetos colocados em vitrinas, rotulados com etiquetas com informação sobre a autoria, o ano de criação, o material e a técnica usada. O que é que significa a história num museu?
Encontramos normalmente dois tipos de propostas nos museus do nosso tempo:
Os museus clássicos, apresentam uma narrativa, construída por um curador, apoiada em objetos apresentados segundo uma ordem, cronológica, por afinidade de categoria ou por estética. São museus que partem dos objetos que tem disponíveis, eu por alguma razão foram incluídos no seu acervo e que através deles procuram captar a atenção dos visitantes.
Já no caso dos museus participados (museus socias, ecomuseus, museus de comunidade, museus locais) verificamos que são museus que trabalham sobre questões objetos que interrogam o mundo onde se inserem.
São museu que defendem a necessidade de assumir uma função social. De servir e estar ao serviço da sociedade. Os seus objetivos e valores fundamentais não estão direcionados para os objetos, que apenas se constituem como um meio para atingir os fins; mas nos valores da comunidade de que é protagonistas. Nestes museus a preocupação do curador é responder ao pulsar do mundo, a vida vivida e às escolhas do presente através dos recursos disponíveis.
A construção da narrativa é feita em colaboração com a comunidade que participa na escolha dos objetos que decide guardar e conservar. São espaços inclusivos que procuram o que é que a comunidade quer aprender. São espaços de interrogação.
Para fazer este tipo de museus é necessário abrir as portas. Sair para o espaço envolvente e procurar o que é relevante. Saber o que as pessoas querem como representação da sua memória e propor que essas pessoas usem o espaço do museu para criarem atividades relacionadas com os seus patrimónios. São museus que procuram respostas para o pulsar do mundo. São lugares de encontro e descoberta de novos objetos para musealizar. Procuram compreender o território e a cidade como espaço de cidadania. São promotores a ação na comunidade.
A curadoria participativa não é um trabalho fácil. A memória é um campo de confronto social. Em qualquer comunidade há diferentes memórias em disputa. Como espaço de encontro, o museu é uma oportunidade para reconhecer a diversidade e promover a inclusão do outro e da diferença.
Para que servem os museu?[1] Para que serve o Património? Para que servem as memorias e as heranças coletivas? São questões com que gostamos de desafiar os estudantes do mestrado e doutoramento no início dos debates nas aulas. É uma forma de começar a elaborar um problema, cuja resposta no leva, normalmente por novos caminhos e viagens sobre a condição humana. Comecemos com o caso do museu.
A pergunta para que servem os museus pode parecer irrelevante. Afinal todos sabemos que um museu é um equipamento, de natureza cultural que apresenta coleções de objetos. Coleções consideradas relevantes e que devem ser preservadas e visitadas. Implica um espaço seguro e vigiado. Normalmente apresenta uma narrativa para aqueles que o visitam. Será isso para que serve um museu?
O que esperamos encontrar quanto entramos num museu?
A maioria das pessoas quando entra num museu espera encontrar uma coleção e uma história. Muitos profissionais dos museus também defendem que a função do museu a guardar os objetos em coleções e apresenta-los ao publico de acordo com certos critérios.
Assim foi a vida dos museus durante duzentos anos. Tempos de alguma estabilidade nas instituições sociais, organizadas por funções e categorias. Durante estes últimos duzentos e picos anos, assistimos ao triunfo as sociedades industriais, da economia de mercado e das suas organizações sociais. Organizações do estado, ditas públicas, e privadas que se dividem em lucrativas e não lucrativas, com as empresas e corporações a hegemonizarem a vida social. Dentro das não lucrativas encontramos todo um setor, dito social porque sendo maioritariamente associativo e corporativo, evita que a sociedade seja de mercado, embora as relações da economia de mercado se tenham consolidado como mecanismos de troca.
É essa sociedade industrial e as suas organizações que categorizou as funções sociais. Assim, temos as escolas academias e colégios, onde se desenvolve a educação formal, os hospitais onde se trata da saúde, as bibliotecas onde se arquiva livros, os teatros e os cinemas, as galerias de arte de salas de exposição, e os nossos museus. Todos sabemos o que cada uma destas organizações faz. Assim como sabemos o que as demais organizações no mercado fazem.
Nas nossas cidades, cada gavetinha ou cluster apresenta uma determinada função que contribui para o funcionamento do todo. Não sendo necessária, é suprimida ou substituída. Uma loja que não venda, na teoria económica, é um espaço que não responde as necessidades do mercado. Já na teoria geral do estado, as organizações sociais, uma vez que não se orientam pelos princípios do mercado, deverão responder a necessidades socias. Poderemos portanto pensar, que uma organização social permanecerá, porquanto subsistir a respetiva necessidade social.
Evidentemente que essas necessidades podem evoluir e transformar-se, e como tal, as organizações podem segmentar-se e especializar-se em função de várias categorias (por exemplo, no ensino: pré-primário, básico, secundário e universitário; Na Saúde: Hospitais centrais, especializados, centros de saúde; no museus; arqueologia, arte, ciência e história), que podem ser etárias, de espaço (local, regional, nacional), de hierarquia (central, regional) ou de especialidade (escolas de música, de arte, de desporto).
Ora regressando ao caso dos museus, como temos vindo a tratar, referimo-nos à sua tipologia ou categorização. Mas importa olhar para como é que as pessoas que os visitam os veem. O que esperam encontrar?
Já vimo que esperam encontrar objetos que contam uma história. Mas objetos que contam história também se encontram noutros equipamentos culturais. O que distingue os museus dos outros equipamentos é o tipo dos objetos e a forma como contam as histórias. São objetos semioferos que estão, de certa forma, fora do tempo.
Por essa razão a maioria dos visitantes diz que em muitos casos se sentem intimidades com a solenidade do espaço. Não se pode falar alto. Em regra não se pode tocar em nada. Muitos dizem que é um espaço que não tem vida, enquanto outros dizem que é um espaço do passado. Há quem tenha o desejo de o visitar rapidamente, para sair para a rua. Parece a muitos que os museus são espaços parados no tempo e muitos perguntam onde é que está a vida do quotidiano?
“Querido 2021, seja bem-vindo!Entre, a casa é sua.Se não for pedir demais, nos devolva, por favor, todos os abraços que seu prezado antecessor nos roubou. Queremos também as gargalhadas dos parentes e amigos, o livre sorriso dos desconhecidos, a brisa no rosto.Gostaríamos ainda de ter de volta a alegria das viagens; a tumultuosa euforia dos estados e dos grandes shows; todas as tardes em que não fomos beber cerveja com os amigos no boteco da esquina.
Não se esqueça de nos devolver aqueles jantares intermináveis, em que discutíamos o fim do mundo e como iríamos recomeçá-lo.Hoje, que sabemos muito mais sobre o fim do mundo, essas conversas antigas me parecem todas um tanto ou quanto ingênuas. Contudo, mais do que antes, é importante conversar sobre recomeços. Trocar sonhos. Debater utopias.
Peço em particular que me devolvas festivais literários – dos quais, em 2019, eu estava até (confesso) um pouquinho enfastiado. Durante o seu reinado, quero muito regressar a Paraty. Não posso perder a FliAraxá, a Flup ou a Flica, em Cachoeira.Eu, que não sou de futebol nem carnaval, agora sinto ânsias de me perder entre multidões, gritando, sambando, abraçando, me descobrindo nos outros. Quero dançar sem culpa. Quero poder voltar a abraçar meus velhos pais sem medo de os contaminar.
A maior invenção da Humanidade não foi a roda nem o fogo. Não foi o futebol, a feijoada, o samba, o xadrez, a literatura, sequer a internet. A maior invenção da Humanidade, querido 2021, foi o abraço.
Olho para trás e vejo a primeira mãe, acolhendo nos braços o filho pequeno.O nosso pai primordial apertando contra o peito forte (e peludo) a mulher amada; dois amigos se consolando numa armadura de afeto. Depois desses primeiros abraços, alguma coisa mudou para sempre. O mundo continuou perigoso, sim, o mundo será sempre perigoso, mas passamos a ter o conforto de um território inviolável.Foi o abraço que fundou a civilização.Com elevada estima,” José Eduardo Agualusa
Sobre a Casa dos Vinte e Quatro em Lisboa a a paisagem de Lisboa em Encontos do Património
Ideias
.Unidades de Paisagem –
.Colocar a paisagem em contexto e em relação
.Olhar o outro para integrar
.A paisagem como construção no tempo e no espaçao
As paisagens com história. Como é que a paisagem se constroi a partir das dinâmicas do território.
in Museu da Paisagem “O homem desempenha na modelação da paisagem um papel muito importante, pode ser considerado, neste aspeto, como um autêntico criador de beleza. Toda a atividade humana tem como fim a satisfação das suas necessidades, quer espirituais, quer materiais. (…) A paisagem terá de ser considerada como um todo orgânico e biológico em que cada elemento é interdependente, influenciando e sofrendo da presença dos restantes participantes. A reciprocidade é a lei fundamental da natureza. Cada geração tem uma parcela relativamente pequena na construção duma paisagem, podendo, no entanto, ter um papel profundo na distribuição do equilíbrio geral.” in Ribeiro Telles G. (2011), Textos escolhidos. Argumentum, Lisboa
“A compreensão da paisagem é indispensável para nela se poder actuar, e nessa compreensão há que entender o relacionamento entre os diferentes que a compõem e o seu comportamento. O funcionamento global da paisagem, em cada momento, traduz-se sempre pela procura dum equilíbrio dinâmico e duma estabilidade temporal. A acção do homem poderá então determinar um caminho mais consentâneo com os os seus interesses no sentido da diversidade biológica e dum maior potencial genético e de vida.” in Caldeira Cabral F., Ribeiro Teles G. (1999), A árvore em Portugal. Assírio e Alvim, Lisboa.