Sobre a Crise do COVID19 e o contexto da crise da Europa esboçamos no último postal a forma como a Europa Resolve a suas crises. Enunciamos aí dois problemas: o risco financeiro e o autoritarismo. Para contrariar essa tendência há que olhar para o que diferencia a Europa do Resto do mundo.
E o que diferencia a Europa são os Cafés. É portanto imperioso que os atores culturais reivindiquem, neste tempo de crise sanitária e económica a reabertura dos Cafés.
São duas formas como a Europa te, lidado com as crises. A mais usada tem sido a estratégia de lançar dinheiro sobre os problemas. A segunda, que se tem vindo a insidiar de forma mais ou menos silenciosa, tem sido o autoritarismo.
Ainda antes que programas de recuperação económica, a primeira medida que um Ministro da Cultura deveria ter é a reabertura dos cafés.
Os cafés, como notou George Steiner, num livro com o título “A Ideia da Europa”, (publicado entre nós pela editorial Gradiva em 2005) são lugares de debate e criação. Lugares de construção da rebeldia e da insurgência. São lugares de gestação de ideia e criatividade.
Sem estes lugares de debate e encontro não estaremos em condições de recuperar da pandemia. De sair do confinamento que estra crise do COVID19 nos empurrou que não é mais do que um sinal da impotência do humano em lidar com a sua própria perecibilidade.
Ontem, após várias horas de reunião os ministros das finanças da Europa, no âmbito do Eurogrupo, finalmente chegaram a um consenso de lançar meio milhar de milhões de euros na economia.
Lançar dinheiro sobre os problemas. É este o modo da europa lidar com as crises. Foi assim com a crise de 2008. Foi assim com a Crise dos Refugiados. Com as crises Humanitárias na Líbia, na Síria.
Para além da retórica entre os poupados e os gastadores, que faz lembrar a velha querela entre o protestantismo austero das cultura do norte, e o catolicismo barroco das cultura mediterrânicas, a Europa parece incapaz de ultrapassar a sua visão financeira e incluir uma visão cultural para ultrapassar mais esta crise.
E com parece incapaz de ultrapassar a crise, é muto natural que os populismos e o autoritarismo se acentuem. Estamos num cenário propício ao autoritarismo. As fronteiras fecharam-se. As pessoas estão impedidas de circular. A economia tinha até aqui um baixo crescimento, vai agora tombar vários dígitos. A crise das dívidas soberanas nunca foi ultrapassada, mantendo-se elevada em vários países. O desempenho da economia europeia, embora forte, está longe de ser distribuído de forma generosa pelo tecido social europeu.